22.8.05

Por caminhos de Basto



 Está chegada a altura de sair de Guimarães. O seu cavalo esporeia os seus cascos como dizendo que está na hora da partida. Há muito ainda por caminhar. Não, não levas a tua companheira para esta viagem. Havemos de voltar.




  À saída, marius repara num cão que olha para a estrada como esperando por alguém que, por certo, nunca chegará. Nada há a fazer a este povo que chegado o tempo de férias abandona o seu fiel companheiro, também não é de admirar, quem abandona filhos mais depressa abandona animais. Vem daí amigo, vamos por serras e serranias, montes e vales, vamos ver Portugal.

  Com o cavalo a trote, segue marius o caminho para Trás-os-Montes e Alto Douro. Marius conhece muito pouco desta zona do País. Está chegada a hora para conhecer um pouco mais. De certo que irá encontrar nestas suas deambulações, achegas de quem, por certo, não irá só acenar mas também contribuir para que seja mais conhecida a sua Região, os seus usos e costumes.

  Em Arões, a caminho de Fafe, vê a pequena Igreja de S. Romão de Arões, românica e um belo cruzeiro.

Monumento à Justiça de Fafe


  Fafe é uma vila onde a arquitectura apresenta fortes marcas dos «brasileiros» de retorno ou «… de torna-viagens», que ali construíram residências apalaçadas, fábricas de têxteis e comércio. São assim os nossos emigrantes. Uma vida de sacrifício na «estranja» e depois voltam para engrandecer a terra de origem. Um bem-haja a estes nossos conterrâneos.

  No monte de S. Ovídio existem as ruínas de um castro e ali foi encontrada uma estátua de um guerreiro galaico.

  Em Cepães, ainda se mantém o tradicional jogo do pau.




  Eis marius chegado à região de Basto. Encaixada nos vales do Rio Tâmega, a região oferece uma paisagem diferente onde, por razões orográficas e climáticas dão origem a culturas diversificadas como o são: - a vinha do enforcado, milho, forragens, oliveiras, laranjeiras, figueiras, cerejeiras, castanheiros. A comunidade agrícola fixou-se mercê da romanização da região.




  Cabeceiras de Basto, é uma antiga povoação, tendo sido dado foral em 1510 por D. Manuel I. Além de casas solarengas e brasonadas de séculos XVII, XVIII e XIX, podemos ver a estátua do guerreiro galaico o «Basto».





  Em Cavês esteve Camilo Castelo Branco e a Igreja Matriz faz parte de um dos seus romances e, como sempre, podemos apreciar várias pontes românicas sobre afluentes do Tâmego. Os romanos tiveram grande influência na Península como podem constatar através do que descrevo no Império Romano

  Na Ponte de Cavês (ou Cavez), sobre o Tâmega celebra-se a Romaria de S. Bartolomeu. Na margem direita fica a Capela de S. Bartolomeu, na margem esquerda uma fonte. Não uma fonte qualquer, mas sim uma fonte “milagrosa”. Pelos vistos, sempre que haviam ressentimentos, rivalidades, paixões, ódios e outros quejandos, era aqui que se fazia o ajuste de contas. Depois de bem bebidos, soltava-se de um lado o grito de guerra «Vinde ao santo valentões» ou «Viva Trás-os-Montes». Do outro lado «Vinde à fonte cobardes» ou «Viva o Minho» e de forquilhas, paus, varapaus, facas e a tiro lá se matavam uns aos outros. E isto só acabou em 1957, já tinham idade para terem juízo.




  Celorico de Basto, Condado e julgado medieval foi elevado a concelho com sede no Castelo Celorico (Castelo de Arnóia, castelo este mui antigo com torre de menagem). No tempo de D. João V a sede foi mudada para V. N. Freixieiro.


  Continua-se a ver aqui e ali, resquícios de um passado que marcou profundamente a vida, os usos e os costumes de cada uma das nossas regiões. Cabe a cada município a contribuição para que os aspectos mais predominantes da nossa história não se percam. É difícil a pesquisa deste nosso Portugal. Em certos municípios, parece que estamos no tempo da pedra-lascada. Os sites correspondentes falam do presidente, dos eventos e daquilo que lhes dá votos, não falam daquilo que nos interessa (com raras excepções) … da história das terras do povo que os elegeu.

8.8.05

Guimarães - O Berço da Nacionalidade

 Marius segue o seu caminho procurando aqui e ali, vestígios da ocupação romana que tanto se fez sentir na Península Ibérica. Antes de entrar na cidade de Guimarães faz uma visita a Caldas das Taipas na qual se destaca uma antiga estância termal. A utilização terapêutica das suas águas remonta ao Império Romano.





 A comprová-lo, podemos encontrar, junto à Igreja Matriz da vila, um enorme bloco de granito - Pedra ou Ara de Trajano, com uma extensa inscrição em latim dedicada ao imperador romano Trajano Augusto, denunciando a procura e utilização, durante a época imperial, destas águas medicinais.




(clique na imagem para uma visita virtual à Citânia de Briteiros)


 A poucos quilómetros do centro da vila estão localizadas as estações arqueológicas do Castro de Sabroso e da Citânia de Briteiros, constituindo-se, sobretudo esta última, como um dos mais significativos exemplos de "Cultura Castreja" do nosso país e prova exemplar da existência de povoados pré-romanos nesta região.



 Marius vai então até Guimarães. Tendo já lá estado volta a locais seus conhecidos. Nas muralhas da cidade encontra-se a inscrição «Aqui Nasceu Portugal»



 O Castelo de Guimarães, sofreu várias alterações desde o tempo do conde D. Henrique até ao de D. João I, mas o mesmo ergueu-se sobre uma fortificação anterior, do século X, mandada edificar pela condessa de Mumadona e que fora destruída por normandos ou mouros.

 Segundo alguns historiadores ali nasceu D. Afonso Henriques, o nosso primeiro rei, em 1111, outros dão como local de nascimento Coimbra no ano de 1109, de uma forma ou de outra foi em Guimarães que nasce a Portucalidade.

 Marius visita a Igreja de S. Miguel do Castelo onde existe uma pia baptismal que segundo a tradição foi lá baptizado o nosso 1º Rei.

 Falar de Guimarães é falar da nossa estória mas faltam os elementos necessários para se fazer a história deste povoado. Sabemos sim que fazia parte do Condado - território administrado por um conde - Portucalense e é em Guimarães que o nobre francês, D. Henrique de Borgonha, se instala com armas e bagagens.

 Percorrendo a zona antiga da cidade, pela Rua de Santa Maria, marius vê ainda características das casas antigas, como sejam as varandas de madeira com balaústres, as varandas e janelas de rótulas, as paredes caiadas em tons ocre, e algumas portas quinhentistas. O tempo, tudo isto fará desaparecer.



 Como é natural, neste nosso Portugal, um dos pólos de maior interesse “turístico”, são as Igrejas. Em Guimarães entre o gótico e o barroco pode-se ver a bela fachada da Igreja da Oliveira (na imagem), a Igreja de S. Francisco, de S. Domingos, etc.






 Vamos então visitar Guimarães, a cidade berço, e aproveitar as Festas Gualterianas que estão a decorrer – revitalização das tradicionais e seculares “feiras de São Gualter” – de 5 a 8 de Agosto com Zés Pereiras, despique de Bandas, corridas de toiros, desfile de charretes antigas, a procissão de S. Gualter e o fogo de artifício que para o norte do país é sempre um ponto alto de qualquer festividade.





 Ah, e não podemos esquecer de provar a gastronomia e os vinhos da região, mas bebamos com moderação, pois a vida é para ser vivida e não perdida numa curva ou recta qualquer.