7.9.05

Terras de Barroso



 Marius segue agora por avassaladoras paisagens. Os malmequeres-dos-brejos acompanham-no nesta sua caminhada. Aqui e ali, bovinos da raça barrosã pastam em verdes pastos.

Está em terras de Barroso.

 Marius dá um salto a Salto, a maior freguesia do concelho de Montalegre. Em Salto casou D. Nuno Alvares Pereira, o «Santo Condestável» no século XIV, com D Leonor de Alvim dando origem à Casa Ducal de Bragança. A estátua do Condestável encontra-se em Salto desde 1922.





 Vai pelos «Cornos das Alturas», expressão popular da serra de Alturas. Sempre com as serras em vista, numa paisagem dantesca, recortadas por arborização e povoados estamos nas terras de um povo que sabe receber mas cuidado «...com o povo barrosão não se brinca». É assim mesmo.

 Marius passa pela albufeira do Alto de Rabagão a caminho de Pitões das Júnias lugar popularizado numa reportagem de TV.

 Pitões das Júnias é um local de difícil acesso, e de clima agreste. É na pastorícia que a gente de Pitões tem o seu meio de sustento e é aqui, longe dos olhares do mundo, onde o mar é uma miragem, que se sente em comunhão com a natureza.



 Do Mosteiro de Santa Maria das Júnias restam as ruínas, até quem o serviu dali saiu. A “Fé” não se compadece só com paisagens agrestes.




Deus te salve , saco
Quatro maquias te rapo
Uma p’ro burro comer,
E outra para te moer
A outra por te levar
E outra por te trazer


 Esta é a Oração do moleiro em terras raianas de Tourém. Terra muito visitada por galegos foi outrora defendida pelo castelo de Piconho hoje em terras de Espanha. A Igreja Paroquial românica, a Capela do Demo (S. Miguel) a de Santa Ana no Outeiro, o Forno comunitário de granito e as casas rústicas que na sua maioria são do século XVIII, mostram aos visitantes uma harmonia ecológica, a contrastar com o espelho de água do Sales, afluente do Lima, com uma esguia Ponte a unir os povos raianos de Tourém e Calvos.





Traje regional rústico.










 O silêncio é esmagador. Ligámos o coração a estas terras barrosãs onde o mítico nos faz levantar os olhos e perguntar se, para além disto, o paraíso ainda existe. O sossego, o relógio sem ponteiros, a vida calma, os castros e os trajes deste povo são, sem dúvida, o Portugal profundo que o citadino gostaria de viver e ter como leito, para sonhar, o regaço da mãe natureza!

A chuva cai, são lágrimas do céu!

1 comentário:

Anónimo disse...

A região do Barroso é marcada por uma forte tradição oral rica em histórias e lendas transmitidas de boca em boca, consequência da necessidade que as pessoas sentiam para vencer os males, os medos e os problemas. Sendo uma região montanhosa, as povoações ficavam um pouco isoladas daí que as pessoas só contassem com o saber e técnica popular. E é por isso que o barrosão tem uma identidade singular que se manifesta nas tradições orais. Os costumes, os hábitos e as crenças de um povo são a pedra angular da indentiddae cultural de uma região que deve ser preservada com um património social incomensurável. Enviado por sunset em setembro 29, 2005 08:57 AM