22.3.06

Vila Real



 Longe vai já o tempo em que marius começou esta caminhada. Foi em 11-5-2003 ao som de Overture da Ópera Guilherme Tell de Rossini. Estando prevista mais uma mudança, marius vai salvaguardando tudo para nada se perder. Infelizmente há quem pense que destruir é o melhor caminho. Se imperadores e religiões destruíram Bibliotecas inteiras porque não um sapo destruir o que nada lhe custou a fazer?!... Mas destruir aquilo que marius construiu durante este tempo só o próprio marius lhe porá cobro.

Ó Vila Real alegre
Província de Trás-Os-Montes
No dia em que te não vejo
Meus olhos são duas fontes.


Vila Real



 Marius olha a cidade adormecida na Meia-Laranja. Já cá estivera e o calor era insuportável. Agora, mais serena, Vila Real, debruçada sobre o Rio Corgo que lhe atravessa a cidade, dominada pelas serras do Alvão e do Marão, teve em D. Dinis o verdadeiro povoador da província transmontana e alto douro, contrariando o velho ditado de que o Marão «não dá palha nem grão». Hoje, completamente florestada, nela se situando as Pousadas Nacional de S. Gonçalo e do Mesio.

 Inicialmente chamada de Vila Real de Panóias (ou Panonias), era na Baixa Idade Média, o centro de um vasto território, onde o culto aos deuses e o poderio militar, como não poderia deixar de ser, era romano.

 Saíram os romanos, vieram os árabes e Vila Real só voltou a ter importância relevante após a construção de uma muralha e de um castelo na «vila velha» sobre o promontório do Rio Corgo, mas embora bem construída não ficou pedra sobre pedra no século XIX.

 Segundo rezam as crónicas em Vila Real teria nascido Diogo Cão, descobridor de Angola, em cuja cidade de Luanda tinha uma estátua mas que os ventos revolucionários mandaram a mesma para as urtigas.

Diogo Cão


 A bela fachada da Capela Nova, a Igreja do antigo Convento de S. Domingos, hoje Sé-Catedral, as janelas geminadas manuelinas do antigo Palácio dos Marqueses de Vila Real, o famoso Solar de Mateus (vai um Rosé?), obra magnífica de Nasoni, possuindo uma belíssima fachada cheia de pináculos, sempre reflectida num lago rectangular, e um interior repleto de preciosidades que se pode visitar, assim como os jardins românticos e deslumbrantes.

Casa Mateus


 Marius revisita a bela frontaria dos Paços do Concelho e o Pelourinho. Vai deambulando pelos jardins e pelas paisagens magníficas sobre o rio Corgo admirando a terra lavrada dos socalcos e onde casas se confundem com a vegetação.

 Vila Real foi a primeira cidade portuguesa a ser iluminada por energia eléctrica em 1895. Outros motivos de interesse são as Pontes de Piscais, a de Santa Margarida, onde no antigamente ali as lavadeiras lavavam e punham a corar a roupa, (será que a tradição ainda é o que era?... tenho as minhas dúvidas.), a ponte de Almodena e a ponte romana (já cá faltava esta) de Torneiros.

 Camilo Castelo Branco tem uma lápide em sua homenagem na Casa dos Brocas pois este nosso escritor situa cenas de alguns dos seus romances na Torre de Quintela, em Vila Marim.

 As Tunas Populares, os Zés-Pereiras, os famosos barros de Bisalhães (o arroz no forno cozinhado nestes barros típicos é de comer e chorar por mais), a gastronomia; o cabrito assado, o fumeiro, o bacalhau à Espadeiro (companheiro de armas de D. Afonso Henriques), o bacalhau com batatas a murro, os toucinhos do céu, os covilhetes, os pitos e o sarrabulho doce fazem por certo com que o viajante não falte entre 27 a 29 de Junho à tradicional Feira de S. Pedro.

 Vou já apontar na agenda para não me esquecer.

 Ir a Vila Real, aos seus eventos desportivos, às suas feiras de artesanato, descobrir o seu património artístico, cultural e histórico é como voltar no tempo mas também saber que o futuro é já ali, e por certo que Vila Real é, sem sombras de dúvidas (embora com pequenos problemas conforme li em apontamentos feitos por quem conhece melhor aquilo do que marius), uma cidade a visitar.

 Mas, como sucedeu com marius quando lá foi, na altura do calor não se esqueça de levar uma garrafa de água bem fresquinha pois a garrafa que marius levava no alforge, depois de aberta, servia bem para cozer um ovo.


3.3.06

Por Pedras medicinais e relógios de sol



  Marius segue por um magnífico bosque a caminho de Pedras Salgadas. Questiona-se se vale a pena continuar esta caminhada. Começada já há muito tempo ela nunca terá fim. A procura constante dos caminhos a percorrer, o querer mostrar este Portugal de todos, as tradições, os costumes e a vivência deste povo tem os seus custos e o tempo não abunda. Um trabalho solitário. Marius nunca mais vê a velha mulemba do outro lado do Atlântico onde descansará. Querer é poder, vamos lá companheiros desta aventura, vamos continuar a jornada pois tudo vale a pena...



  Conhecida pela sua famosa água, em Pedras Salgadas veranearam os últimos reis de Portugal, especialmente D. Carlos. Como Pedras não são só as termas podemos ir até às Romanas, ver a ponte e os seus mosaicos romanos, a Bornes de Aguiar, ao Penedo Gigante, ao Alto do Minhéu, às ruínas dolméticas do Alvão, ao Castelo de Aguiar e à Padrela. No guia turístico diz que se para se ver as capelas do Senhor do Extremo e o Dolmen do Alto da Povoação tem que se ir de jeep. Espero que se não tiver jeep se possa ir de cavalo, senão… estou feito! Grande ajuda que os guias turísticos nos dão.



  Ribeira de Pena. Ali viveu e casou Camilo Castelo Branco. Camilo foi registado como filho de mãe incógnita, porque o seu pai e a sua avó não queriam que o nome Castelo Branco estivesse envolvido com alguém de tão humilde condição. Com 16 anos enamorou-se, em Ribeira de Pena, de Joaquina Pereira de França com quem casou. Entre amores e desamores, até uma freira, Isabel Mourão, não escapou a este D. Juan à portuguesa. Depois, a mulher fatal, Ana Plácido.



  Ribeira de Pena teve foral em 1331. O Templo dedicado a Nossa Senhora da Guia, com um agradável miradouro, e a Igreja Paroquial de S. Salvador, mandada edificar por um emigrante que prometera ali fazer «uma igreja como outra não houvesse da Ponte de Caves para cima e da terra do Alvão para baixo», nada humilde este nosso emigrante.



  Os Solares, a rocha esculpida de Lamelas, a pedra cavalar de Viela, castros e dólmenes, os relógios de sol e a paisagem que vai do verde da vegetação até às águas calmas do rio Tâmega, sem esquecer o artesanato na povoação de Limões de tapetes e colchas de linho, fazem desta zona um roteiro de aprazível passeio para o turista que a visita.