31.5.06

A Letra da Cantiga



Quero agradecer aqui, publicamente, ao Grupo Coral Brigantino pelo facto de ter atendido ao meu pedido e ter enviado a letra da cantiga que foi solicitada pela Raquel (ver o tema anterior). Para eles o meu muito Obrigado e longa vida ao Grupo.

Coral Brigantino

Boa tarde

Pedimos desculpa de só agora estar a responder, mas foi algo difícil compilar a letra pois não temos um texto já escrito pelo que foi necessário recorrer à memória dos elementos do Coral. Esperamos que ainda vá a tempo.

Tim Tim Sou de Trás-os-Montes

1. Tim tim sou de Trás-os-Montes
De Trás-os-Montes terra bravia
Num trono estou colocado
Só vejo Serras e Penadias

Refrão

Tim Tim olaré Tim Tim
Você diz que não eu digo que sim
Ao romper da bela aurora
Toda a gente canta pela estrada fora

2. Adeus que me vou embora
Se não demoro porque é que chora
Não vale a pena chorar
Que bem depresssa hei-de voltar

Refrão

3. Tim tim sou de Trás-os-Montes
De Trás-os-Montes, terra sem par
Bem cobertinha de neve
É como a noiva que se vai casar


--
Coral Brigantino
Rua Calouste Gulbenkian
(Antiga Biblioteca Infantil)
5300-020 Bragança
http://coralbrigantino.no.sapo.pt
coral.brigantino@sapo.pt


Vou já enviar para Espanha e espero bem a tempo do filho da Raquel e do nosso compatriota nascido em Chacim, fazer o trabalho para a escola e que tenha uma nota excelente graças à amabilidade deste Grupo Coral.

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Versão gravada pelo Grupo de Cantares de Salto, Montalegre, durante a década de 90.
Canta-se a 1º estrofe como já apresentada seguida do refrão tal qual.
As estrofes são as seguintes (e são um verdadeiro tributo à riqueza étnica-cultural destas nossas serranias):

tim tim, sou de trás-os-montes
de trás-os montes terra do norte
quando vem a trovoada,
a Deus entrego a minha sorte

tim tim, sou de trás-os-montes
de trás-os montes terra fragosa
vem o sol, vem a geada,
fio morena, bem mais formosa

tim tim, sou de trás-os-montes
de trás-os montes com o luar
bem cobertinha de neve
sou uma noiva que vai casar

tim tim, sou de trás-os-montes
só vejo serras e penedia
vindimar no Alto Douro
guardar ovelhas na Terra Fria.

  • Agradeço a colaboração de Domingos Fontoura Fernandes pela apresentação desta versão.
  • 29.5.06

    Um pedido

    Se alguém souber toda a letra desta cantiga (está num comentário de um tema atrasado do Rumo ao Sul), agradecia que a colocasse neste tema para que possa ser enviada, já pesquisei e consultei o cancioneiro transmontano mas nada encontrei.

    Obrigado desde já!

    Hola, eo so do Madrid, meu marido é de Chacim (Tras-os-montes). Penso que tu blog é muito interesante e podes ajudar-me.

    Eo preciso el texto de una cantiga que começa assim (mais o menos) :

    "Eo so de Trasosmontes,
    de trasosmontes tierra bravia
    no vale la pena chorar
    porque mais pronto he de voltar..."

    ¿Alguém a conhoce.? Eo a preciso para um trabalho do meu filho. É muito urgente

    Obrigado

    Perdoar meu português

    Raquel

    24.5.06

    Por Terras e Paisagens Transmontanas



     Marius deambula pela cidade de Vila Real. Dirige o seu cavalo para a freguesia de Panóias.

     D.Henrique dera foral a Constantim de Panóias. Outrora, tudo em volta era território de Panóias, limitado pelos seus castros e pelos rios Tua, Tinhela, Teixeira e Douro. Murça de Panóias ou Vila Real de Panóias como virá ser conhecida, teve uma posição dominante administrativamente, militar e religiosa, tendo os Romanos explorados a sul, minérios e vinhas encontrando-se ainda vestígios dessa passagem no concelho de Régua, no lugar de Covelinhas e no Castellum da Fonte do Milho.



     O Santuário de Panóias (monumento durante muitos anos designado por Fragas de Panóias) foi construído entre os finais do século II e os inícios do século III d. C. D. Dinis disse – «e esta Vila Real seja a cabeça de toda a Panóia». As acrópoles do mundo pagão seriam formadas por sete pedras-santuárias. Talhadas com várias cavidades, de diversos tamanhos, bem como escadas de acesso estas fragas serviam para sacrifícios dedicados aos deuses como se pode ler numa inscrição:

      «Geno Caio Calpurnio Rufino, varão consular, dedicou este Lago eterno, com este templo em que se queimam as vitimas, aos deuses e às deusas, e a todas as divindades, e aos Lapitas.

     Séculos mais tarde, à falta de Santuários deste tipo, outras vítimas eram queimadas em fogueiras, presas a barrotes em nome da Fé.

     Marius dirige o seu cavalo para outras paragens. Não consegue conceber que para agradar a deuses, sejam eles quais forem, seja necessário oferecer o sangue de inocentes, mas ínvios são os desígnios do Homem.

     Bisalhães

      - Conhecida pela sua olaria de barro negro, os oleiros, hoje cada vez mais raros, iam buscar o barro a Parada de Cunhos. A venda do artesanato era feita nas feiras do distrito para onde iam a pé ou de jerico. Hoje é vê-los nas encostas do Marão para turista comprar o seu produto e é devido a essa incerteza de venda que o artesanato português cada vez mais se transforma em peças «Made in… qualquer coisa.». Os jovens não se sentem atraídos e as mãos que manejavam com perícia o barro vão envelhecendo e outras mais novas não                                                     tomam o seu lugar.

      A Tuna de Bisalhães, com os seus violinos, guitarras e bandolins vão tocando de ouvido o que muitos nem de pauta o conseguem.

     Vamos cavalito hoje o teu dono está numa de sentimental.

     «Sai-se daqui munto com de noute p’ra ir à feira e a gente chega com a de noute»

     Assim diziam os habitantes de Lamas de Olo implantada no Parque Natural de Alvão, quando se deslocavam às feiras na vila para venderem os seus produtos agrícolas ou gado.



     Em Lamas de Olo não há pressas e os dias passam devagar. O recolher do gado ao fim do dia é uma das tarefas rurais, a par de muitas outras, como as malhas do centeio, do milho e do feijão, as desfolhadas e as vessadas (em que se prepara a terra para as próximas sementeiras). A matança do porco, a confecção do fumeiro e o fabrico do pão completam o dia-a-dia dos seus habitantes. As suas casas são cobertas de colmo para protecção à neve que ali cai abundantemente, onde o gado rumina por baixo e na parte de cima vive a família. Em dias de chuva, é vê-la correr pela rua nos assentos laterais juntos à pequena janela. E a vida passa bucólica tendo as mamoas e as muas do Alvão como horizonte de um povo isolado mas hospitaleiro.

    O Bispo de Vila Real e o povo de Lamas de Olo


     Um Bispo de Vila Real mostrou interesse em visitar as povoações nas montanhas de difícil acesso. Naquele tempo só a pé ou de cavalo é que se chegava lá. Naquelas aldeias havia muita gente e vivia-se muito bem com estes povos.

     Então o Bispo mandou avisar algumas pessoas de Lamas Olo que ia visitá-las um dia. O automóvel do Bispo só dava para ir até uma povoação chamada Agarês, que ficava ainda longe de Lamas de Olo. Vieram pessoas visitar o Sr. Bispo só até onde ele chegou. Estas pessoas não sabiam do que é que se tratava.

     Disseram-lhes que era um homem que trazia um gorro vermelho na cabeça e mandava nos padres. Quando o carro do Bispo chegou a Agarês, onde a estrada acabava, os habitantes de Lamas de Olo vieram com os jumentos da região.

     Vendo então um destes que saiu do automóvel um homem de gorro vermelho na cabeça, aproximou-se dele e perguntou-lhe assim:

    - Você é que é o ti Bispo?

    - Sou, sim, o Sr. Bispo.

    Então o homem disse assim para o Bispo:

    - Então salte lá para cima dessa burra, que ela arrasta tudo nem que seja o Diabo.



      Ermelo recebeu foral de D. Sancho I. O seu pelourinho e a velha Casa da Câmara é o que resta da sua posição concelhia. Ladeada pelas serras de Mesia e do Marão a vida é vincadamente transmontana mas a proximidade com Mondim de Basto traz já um pouco das influências minhotas no seu folclore. Quem quiser ir até Fisgas de Ermelo tem que ter atenção redobrada, dado tratar-se de uma zona perigosa, onde já ocorreram alguns acidentes. A região do Alvão é especialmente fria, mesmo durante a Primavera. Em alturas de mau tempo, com chuva e neve, não se deve aventurar por locais que se desconhece.

     Assim sendo e para aqueles que ”viajam” através daquilo que este escriba aqui escreve poderão fazê-lo virtualmente:

    Fisgas de Ermelo