15.10.06

... Nos Algarves!



Intróito

  Algarve não são só praias, a estória dos povos que demandaram a estas paragens, as suas lendas e os seus costumes serão objecto de uma escrita mais detalhada quando de novo voltar a estas paragens no seguimento do meu «Rumo ao Sul» que por enquanto permanece bem lá no norte em Fisgas de Ermelo


  Desce Marius a Serra de Monchique, depois das maravilhosas paisagens desfrutadas, a caminho de Alvor onde permanecerá por algum tempo, sendo daí o seu ponto de partida para outras viagens por terras algarvias.

  Com o terramoto de 1755 e com a supressão dos Távoras (Alvor era pertença desta família), Alvor ficou reduzida à categoria de aldeia dependente de Portimão.

  Tendo Alvor um areal bastante intenso, é na Praia dos Três Irmãos que marius desfruta o calor, a água tépida e a aventura de passar o mar para as outras praias adjacentes, seja em preia-mar ou baixa-mar.

  Ali todos os anos vê marius os filhotes das gaivotas a dar os seus primeiros bater de asas, o grasnar para serem alimentados e curiosamente assistiu a uma cena que lhe fez lembrar o filme «Os Pássaros» de Alfred Hitchcock.

  Um filhote de gaivota estava junto à praia numa saliência de uma das muitas falésias existente. Um veraneante, sem se aperceber, aproximou-se do local da cria. De repente marius ouve um grasnar violento e do alto da falésia vem em voo picado uma gaivota em direcção ao sujeito. Passa várias vezes a rasar a cabeça do mesmo e este nem se apercebia da situação. Chamou marius a atenção e, só quando a gaivota voltou de novo ao ataque é que ele percebeu a razão daquilo e só quando se afastou do local é que a gaivota voltou a sua atenção para o filhote que junto a uns tufos de ervas piava pedindo auxílio.

  Em Abicada marius pisa solo romano, as suas “caligas” passeiam onde passearam, amaram e viveram romanos. Hoje está tudo ao abandono.

  Visita a Alcalar, uma necrópole pré-histórica. Sem guia, com indicações quase sumidas, a visita só valeu por sentir que ali outros povos assentaram arraiais e faziam, como hoje, o culto aos seus entes falecidos. Para esquecer tanto desleixo à cultura dos povos que nos antecederam.


Abicada


  Segue marius até Estombar, terra de Ibn Amar e vai a Mexilhoeira de Carregação à procura das grutas de Ibn Amar nas margens do rio Arade.

  Uma placa com os dizeres sumidas e com uma pequena seta indicava a direcção. O carro feito cavalo, avança por aqueles trilhos onde só um todo terreno se pode aventurar. Fim de linha e mais nenhuma indicação. Sai e tenta saber se está no sítio certo. Uma casa arruinada é o que resta, nada nem ninguém mais… só o silêncio!

  A seu lado esquerdo o rio Arade, segue a pé e o que se vê? Uma placa no chão toda partida, incompleta. Tenta marius juntar as partes que restam e lá faz referência às grutas mas onde?!

  A lama envolve-lhe as sandálias, tenta ir pelos penhascos sem um rumo definido, esperando que a intuição faça o resto. Sente que está perto mas não estava preparado para aquele tipo de terreno.

  Volta ao ponto de partida e encontra um velho pescador que diz onde elas se encontram. Disse ele que já em tempos de menino ia para essas grutas, com uma lanterna e um baraço (ai esta expressão que marius se esqueceu e só quando meses depois voltou ao Algarve é que junto às ruínas romanas em Abicada voltou a relembrar-se desse termo) e que agora as mesmas estavam encerradas com um portão de ferro e só de vez em quando iam lá os escuteiros.

  … E assim se faz a história cultural deste País. Falha de indicações, tabuletas partidas, e grutas fechadas. Vi mais tarde o mesmo em Abicada.

  Vai marius ver as esculturas de areia em Pêra. Vale a pena ir até lá. Um trabalho fabuloso, o ano passado o tema era sobre «Os Mundos Perdidos» este ano sobre a «Mitologia».

  Sobe de novo até Monchique meses mais tarde. Vai ver a Quinta da Mina que tinha ficado pendente na visita anterior a terras algarvias. Da família Mascarenhas, dona da Quinta, restam as fotografias, os cachimbos e pouco mais. Vendida e recuperada, é um local de visita para quem gosta de ver os animais no campo e o sabor do vento, diferente do da cidade.

P. Mina


  Por baixo de marius corre o rio ao qual uma ponta fez mudar de nome, o Rio Gilão. Nascido no alto da serra, lá para o Gaborro ou para a Água dos Fusos, o Rio Séquita chegado à ponte romana em Tavira, transforma-se em Gilão e com este nome se lança ao mar.

  Cidade das 37 Igrejas com as muralhas do Castelo em bom estado e com o seu interior ajardinado, Tavira é uma cidade que pouco restou do terramoto de 1755. Lembra uma pequena Veneza com a escadaria do seu casario beijando as águas do rio. O Memorando, à entrada da velha ponte, relembra o feito dos portugueses que em 1383 se defenderam quando os vassalos de D. Beatriz lhes quiseram impor o rei de Castela… aí Valentes!

  Vai marius visitar algumas Igrejas após um «Arroz de Polvo», e junto a duas Igrejas ali ficou durante algum tempo, olhando em redor.

  Desce até ao centro e segue caminho até ao «Pêgo do Inferno» com um calor infernal. Parecendo que estava num filme do «Indiana Jones» sobe e desce por escadarias de madeira até um recanto onde vê o Inferno não o de Dante mas de muita gente balançando-se e mandando-se do espaço para as águas turvas.

  Soube bem a cervejinha fresquinha bebida naquele calor tórrido que faz lembrar que se o Algarve não é só praias naquele momento bem apetecia a marius estar mergulhado até ao pescoço na «Praia dos Três Irmãos».

Tavira



P.S. - Os meus agradecimentos ao Sr. Agostinho e família do Restaurante "A Fóia" em Alvor pela simpatia e pelas preciosas indicações sobre Monchique e o Pico da Fóia.

Restaurante «A Fóia» - Alvor


  Vai marius a caminho da vida que o espera no seu dia-a-dia, desejando que pró ano outros recantos deste país sejam visitados.