24.7.08

Correr Peniche



  De volta a Peniche, Marius relembra as vezes que aí esteve correndo as ruas da cidade à luz das fogueiras.
  Anos depois volta a sentir o convívio à volta da sardinha assada, da pinga bem tirada, do ar festivo que milhares de forasteiros deram à «Corrida das Fogueiras» e «Fogueirinhas».
  Marius corre não por mais uma camisola ou uma medalha mas sim pelo simples prazer de participar pois medalhas tem muitas dentro de uma caixa de cartão. Pena é que muitos não percebam que o facto do dedo grande do pé mexer é mais importante que os vários sacos que conseguem “surrupiar” às organizações. Mas isso são outras histórias, falemos agora de Peniche.


  Peniche tem vestígios pré-históricos nas grutas da Malgasta, Lapa Furada, Cova da Moura (situadas na zona Sudoeste do concelho, no Planalto das Cesaredas) e Gruta da Furninha estas do Paleolítico Médio, que demonstram bem a ocupação desta zona ribeirinha pelas comunidades humanas.

  61 a. C. – Júlio César derrota um grupo de lusitanos que se refugiara numa ilha junto à costa, território possivelmente correspondente à ilha de Peniche.

  Desde então os romanos fizeram sentir a sua presença através do cultivo das férteis terras aluviais contíguas ao Rio de S. Domingos e à Ribeira de Ferrel e na exploração de recursos estuarinos e marinhos.

  No Morraçal da Ajuda foi descoberto um complexo oleiro que teria como principal ocupação a produção de ânforas destinadas ao envase de preparados de peixe.

  Nas Ilhas Berlengas foram descobertas cepos de âncora em chumbo e várias ânforas que significa que nelas se abrigavam as embarcações romanas.


  Peniche era dependente de Atouguia da Baleia outrora Vila muito importante. Curiosa é concessão em 1947 e em 1503 por El-Rei D. Manuel de os penichenses terem a possibilidade de possuírem carniçaria e carniceiro, não sendo obrigados a ir comprar a Atouguia da Baleia a carne que necessitavam, de cortarem a lenha de que as suas casas tivessem necessidade e a possibilidade de semearem a zona do reguengo entre os lugares velho (Gamboa) e novo (Ribeira).

  Foi fortificada em tempos do rei D. João III por volta do século XVI, em 1640 transforma-se em praça-forte. Em 1934, passa a funcionar como prisão política do Estado Novo até Abril de 1974. Hoje o Forte é o Museu Municipal que vale a pena visitar pela história que este Forte encerra desde o material arqueológico, histórico e etnográfico, à espectacular fuga protagonizada por Álvaro Cunhal, Joaquim Gomes, Carlos Costa, Jaime Serra, Francisco Miguel, José Carlos, Guilherme Carvalho, Pedro Soares, Rogério de Carvalho e Francisco Martins Rodrigues em 3 de Janeiro de 1960.


  Marius deambula pela cidade. A zona portuária em obras indicia novas condições para os pescadores.


  No jardim da cidade, a estátua da rendilheira domina. As rendas (medalha de prata em 1851 e 1861 em Paris, Londres e Porto), já a minha mãe poveira as fazia e é também uma tradição dos vilacondenses, estão à venda num local onde raparigas aprendem a trabalhar com os bilros.


  Uma cidade bonita, onde os restaurantes na Avenida do Mar têm muita diversidade de peixe e marisco e a caldeirada é de chorar por mais.


  Foi difícil arranjar lugar para a pernoita, sinal que os forasteiros eram muitos, mas ali estava a D. Lurdes, nazarena de gema, com um cartão a “oferecer” local para uma noite bem dormida. De todos os locais posteriormente visitados, foi a melhor noite passada.

  Sobre os tais “amigos de Peniche”. Não são os penichenses que são esses tais amigos da onça, mas sim os ingleses que quando lhes foi pedido ajuda contra a invasão dos Filipes de Espanha, desembarcaram em Peniche. Chegada a Lisboa a notícia do desembarque, foi espalhada a novidade entre os partidários, e a segredar-se num anseio de esperança: “vêm aí os nossos amigos… vêm aí os nossos amigos de Peniche…”

  Mas os ingleses durante o percurso até Lisboa nada mais fizeram que pilhar as povoações que lhes apareceram pelo caminho. Chegados a Lisboa foram recebidos a fogo de artilharia dos castelhanos e, assim, os tais "amigos" de Peniche lá foram de orelha murcha para Inglaterra e Portugal foi dominado pela Espanha até que D. João IV, no 1º de Dezembro de 1640, voltou a colocar o país sobre a bandeira portuguesa.

  Uma visita ao Cabo Carvoeiro ver a Nau dos Corvos, ex-libris de Peniche, faz com que a vontade de a visitar seja uma constante.


  Uma passagem pela praia do Baleal e com a promessa de voltar a Peniche, Marius segue a caminho da Nazaré!


Fotos: marius70

Fontes consultadas: Município de Peniche

... E observação directa

4 comentários:

FR disse...

Peniche e arredores é a minha zomapreferida do país. Não é exagero,se não:
O melhor dia de praia da minha vida foi na praia do Baleal.
A melhor caldeirada que alguma vez comi foi na Berlenga.
O melhor feijão verde de Portugal é de Ferrel (e eu nem gosto de feijão verde.
Ao ver as suas fotos senti umas saudades...
Parabens pelo seu trabalho e toda a pesquisaque o envolveu

Elvira Carvalho disse...

Vou todos os anos a Peniche. Quase sempre no 1º dia do ano. Já vai sendo tradição ir almoçar a Peniche no dia de Ano Novo, e ir até ao Baleal admirar o mar.
A minha sogra era de Peniche, embora quando eu a conhecesse já vivesse em Lagos, onde permaneceu até à morte.
Um abraço

Anónimo disse...

Olá Marius, passei então agora a conhecer a verdadeira história dos amigos de Peniche, os Ingleses sempre foram uns bons malandros para os Portugueses, davam uma morcela a quem lhes desse um porco. Sobre Peniche fiquei a conhecer mais um pouco da sua história, já por lá passei (não quando os Romanos) e gostei muito, principalmente da caldeirada, que era uma delícia, já sobre as fogueirinhas...ah se gostava, pois adoro sardinha assada e uma boa pinga. Abraços.

Anónimo disse...

Boa dia Marius. Passei no teu deixa-me mas não se pode comentar lá. Então resolvi passar por aqui para te dizer que já tenho uma casinha nova.

http://sunset-myblogin.blogspot.com/

Quando puderes aparece.
Ainda falta muito para chegares a Cascais?
Bjinho