13.10.09

Tomar - A cidade dos Templários



Já não era a primeira vez que Marius70 visitava a cidade dos Templários. Já ali tinha ido ver a “Festa dos Tabuleiros” há muitos anos atrás e já ali voltara em dia de temporal, onde o Rio Nabão corria “furioso” nas suas margens arrastando o que a Natureza e o povo deita para o seu leito. Depois queixam-se dos rios galgarem as margens quando tudo está entupido pelo desleixo e porcarias, desde pneus, lixo doméstico e entulho de obras que para lá mandam.

Mas desta vez Tomar estava “linda”. Tinha chegado a hora de arrumar o transporte, mas a cidade estava em obras e o que era verde depressa se tornou branquinho, devido ao pó levantado pelas máquinas em movimento. Mas o cavalo de marius já está habituado e assim ali ficou.

Depois de arranjado alojamento o habitual passeio pela cidade.

Tomar (origem árabe do nome Thomar: “Tamaramá”, doces águas) foi conquistada ao Mouros por D. Afonso Henriques em 1147. Foi doada por este monarca aos Templários em 1159. D Gualdim Pais concedeu-lhe foral em 1162.

Depois dos Templários terem sido expulsos em 1312 por decisão do Papa João XXII que queria esta Ordem fora da Europa, foi fundada a Ordem de Militar de Cristo. No Castelo de Tomar viveu o Infante D. Henrique e foi elevada a cidade em 1844 na sequência da visita da Rainha D. Maria II.

Marius deambulou pelos seus jardins, atravessou a ponte Romana (Os romanos fundaram a cidade de Sellium cuja planta ortogonal decorre da perpendicularidade dos característicos eixos cardus e decumanus que determinavam a organização urbanística das cidades romanas), foi até ao Castelo...


... ao Convento de Cristo.


Na residencial onde esteve, na sala, um tabuleiro dava as boas-vindas.


Há que referir aqui uma situação que aconteceu e que é de realçar. Compradas umas caixas de doces com amêndoa numa Pastelaria em Tomar, chegados a Lisboa verificou-se que os bolos por dentro estavam bolorentos. Feito um telefonema para a Pastelaria, logo os responsáveis de imediato resolveram a situação. No dia seguinte, o carteiro bate à porta com caixas de doces enviados por essa Pastelaria.

Os meus agradecimentos e Parabéns à Pastelaria "Estrelas de Tomar" pela atitude.


Pelos meados do século VII, aqui houve conventos de freiras e frades, datando dessa época o episódio visigótico e lendário do martírio de Santa Iria.

A lenda de Santa Iria

Numa quinta dos arredores da cidade de Nabância, viviam Hermegido e Eugénia, ele descendente de uma família nobre goda, ela representante de uma opulenta gens romana. Tiveram uma filha de nome Iria, Irene ou Ireia, tão rica em dotes físicos como morais, cuja educação fora confiada a suas tias paternas, Casta e Júlia, monjas do convento beneditino de Santa Clara.
Quando a jovem atingiu a adolescência, Célio, o abade beneditino, seu tio materno, confiou a sua educação ao monge Remígio que considerava digno de tão delicada missão.
Iria cedo reuniu a simpatia das religiosas e das pessoas da povoação, em especial dos moços e fidalgos, que disputavam entre si as virtudes da noviça, entre os quais se destacava o jovem Britaldo que, rendido a tanta beleza, se apaixonou loucamente. Esta, por que tencionava dedicar a vida ao serviço de Deus, sempre repeliu as suas propostas amorosas.
Britaldo, louco de amor, adoeceu. Iria, movida pela caridade cristã, consolou-o e convenceu-o da impossibilidade do seu casamento, pois fizera voto de virgindade.
Dos amores de Britaldo teve conhecimentoo monge Remígio, a quem a beleza da donzela também lhe não era indiferente. Louco de ciúmes, o monge fez com que Iria tomasse uma tisana embruxada, provocando-lhe sinais de gravidez. Britaldo, julgando-se ludibriado encarregou um seu subordinado de matar Iria.
E assim, a 20 de Outubro de 653, quando Iria rezava devotamente as suas orações numa capelinha junto ao rio Nabão,Banaão, o vil sicário, enterrou-lhe no peito um punhal, lançando o seu corpo às águas.
O corpo de Iria, segundo reza a lenda foi indo rio abaixo, sendo repelido na Barquinha, afastado da Chamusca, indo parar finalmente em Scalabis, onde milagrosamente a envolveu um sepulcro de mármore.
A partir daí Scalabis tomou o nome da Santa Virgem e Mártir, Sant'Irene, hoje Santarém.

P.S. - A Feira de Santa Iria decorre em Tomar de 16 a 25 Outubro de 2009.

Programa das Festas: - Divertimentos - Venda ambulante - Animação na Várzea Grande - Tasquinhas no mercado municipal - Feira das Passas na Praça da República.
No dia 20, dia de Santa Iria, realiza-se a partir das 10 horas a habitual procissão com as crianças das escolas desde a igreja de Santa Maria dos Olivais até à ponte velha. (Informação fornecida por F.R.. Obrigado!)


À partida, um olhar sobre a cidade, marius espera de novo lá voltar mas sem o pó das obras no ar, e parte a caminho do Castelo de Almourol.

Fotos: Marius70

Fontes consultadas: Câmara Municipal de Tomar DREC

2.9.09

Penela



Marius admira o verde desta zona do país. A paz e o sossego acompanhou-o através de uma estrada onde parecia que não havia mais ninguém. Pouco depois avista um Castelo erguido sobre um penhasco, tinha chegado a Penela (a designação poderá derivar do étimo celta de penna - que significa pequeno penhasco).


Este castelo é, depois do de Montemor-o-Velho, o mais amplo e forte que resta da linha defensiva do Mondego. Já os romanos tinham em conta a importância estratégica deste outeiro onde vigiavam a estrada Mérida-Conímbriga-Braga. Depois da ocupação árabe em 716, foi o Conde D. Sesnando, primeiro governador de Coimbra, que mandou erigir no local o Castelo depois da reconquista em 1064 pelas tropas de Fernando Magno. Como através dos tempos o Castelo deixou de ser prestável nada melhor que o povo retirar as pedras para construir as suas habitações ou o curral para os porcos e assim se foi a Torre de Menagem.

Felizmente em 1940 o Castelo foi restaurado, retirado todo o casario encostado às muralhas e em 1992, e já a cargo do IPPAR procedeu-se à pavimentação dos acessos e da circulação interior do castelo, à limpeza, recuperação e consolidação das muralhas.

Marius já viu Castelos em pior estado, e é sempre grato saber que algo é feito para preservar a nossa identidade nacional e assim o IPPAR está de parabéns.

Todas os Castelos têm a sua "Porta da Traição", quase sempre virada para os campos para rápida saída quando a ocupação do Castelo se tornava iminente. Muitas vezes era por aí que entravam os sitiantes e, segundo a lenda, foi por essa porta que entrou o Infante D. Afonso Henriques e tomou o Castelo aos mouros. É que os mouros saíram para dar de beber ao gado, D. Afonso, que se encontrava emboscado, agradeceu tamanha oferta e enquanto o gado saía D. Afonso entrava.


Foi em Penela que foi degolado o primo de Dª Leonor Teles o alcaide D. João Afonso Telo, na crise 1383/85, por ter tomado o partido de Dona Beatriz, mulher do rei de Castela, com pretensões ao trono português. O alcaide saiu a cavalo para fazer a cobrança de alimentos, caiu e nessa altura foi aproveitado para a sua degola. Penela passou-se para as hostes do Mestre de Avis.

Das suas muralhas marius observa a paisagem envolvente e satisfeito pelo que lhe foi dado a observar, pega no seu cavalo lusitano e vai a caminho de Tomar.


P.S. - De 4 a 6 de Setembro na Vila de Espinhal irá decorrer a XX Feira do Mel. Uma oportunidade privilegiada para provar o mel produzido na região e alguns dos seus doces derivados, designadamente, os licores e aguardentes, o vinagre, as velas de cera de abelha ou as compotas e doces.

Fotos: Marius70
Fontes consultadas: «À Descoberta de Portugal» - Selecções Readers Digest

Portugal Notável

Câmara Municipal de Penela

2.4.09

Castelo de Germanelo



  Marius70 depois de Coimbra e da visita às ruínas de Conímbriga, resolve ir até Penela, onde nunca tinha estado.

  Por caminhos arborizados, marius dirige o seu cavalo lentamente admirando a paisagem. Algo se recorta no alto da uma colina, o que seria aquilo? Interroga-se!!! Conforme se vai aproximando verifica que se trata de ruínas, ruínas de um castelo, ruínas de um povo arruinado, o Castelo de Germanelo.



  Sobe lentamente a encosta. A meio deixa a sua montada já cansada de tantos trilhos percorridos, e segue por caminhos tortuosos até ao cimo da colina.

  Dominando sobre o vale do Rio Rabaçal, este Castelo tinha a função da defesa da outrora capital da região, das frequentes investidas dos Mouros.

  Pensa-se que este sítio foi um castro romanizado o que é lógico tal a presença romana na área.

  D. Afonso Henriques criou o concelho de Germanelo e deu-lhe carta de foral em 1142.

  A história do castelo liga-se a uma antiga lenda, segundo a qual havia dois irmãos ("germanelos" = gémeos) gigantes, ferreiros, que viviam cada um no seu monte, um no Melo, a Norte, e outro no Gerumelo, a Sul. Como só dispunham de um único martelo, compartilhavam-no entre si. Certo dia, o Gerumelo, de mau-humor, atirou o martelo com tanta força, que este perdeu o seu cabo no ar. A cabeça de ferro caiu no sopé do monte Melo, onde surgiu uma fonte de águas férreas de onde surgiu a povoação de Fartosa (em 1160 dizia-se Ferratosa e em 1420 já era designada por Ferretosa); o cabo, que era de zambujo, foi espetar-se numa terra a dois quilómetros de distância, fazendo nascer um zambujo, dando origem à povoação de Zambujal.

  Marius subiu até ao Castelo e ficou mais uma vez decepcionado. Aquilo não é um Castelo, aquilo é uma fachada de castelo que se aguenta em pé por razões que a própria razão desconhece.



  O interior da muralha.



  A muralha vista de dentro. Nota-se um passadiço em madeira.



  Nada mais existe senão matagal. Marius desce a colina, um último olhar sobre o outrora castelo (deve ser o último olhar) e segue a caminho de Penela.

Fonte: Wikipedia

Fotos: Marius70


6.2.09

De Volta a Coimbra



Julho de 2008

 Marius depois de sair de Nazaré tinha como destino Figueira da Foz. Mas um percalço na “montada” fez com que ficasse retido por algumas horas para reparação na Zona Industrial da Gala.

 Atravessada a ponte Edgar Cardoso na Figueira eis a caminho de Coimbra. Um jantar com gente amiga estava agendado para esse dia.

 De Coimbra já aqui falei nestas minhas viagens (Aqui). A cidade dos estudantes é sempre uma cidade a visitar, embora me veja sempre com problemas devido à falta de sinalização que nos referencie os locais correctamente. Para ir até à Igreja de S. António de Olivais, ponto de encontro, na freguesia do mesmo nome, marius viu-se e desejou-se para lá chegar. Valeu perguntar aqui e ali pois se fosse por sinalização que não existe ainda hoje estaria à procura.



 O acesso à Igreja faz-se por esta escadaria com seis capelinhas laterais com figuras de barro, representando a vida de Cristo. Um Bom Jesus de Braga em ponto pequeno.


 Mais uma noite passada num Hotel na Avª Emidio Navarro sem hipótese de se dormir mais um pouco pois logo de manhã a luz do dia entra a jorros pelo quarto adentro. Deve ser por falta de dinheiro que os Hotéis não têm estores e assim os visitantes têm que acordar cedo mesmo que não o queiram.

 Uma visita pela cidade. Voltar a ver o Mondego. A ponte e a baixa toda engalanada. O Mosteiro, os jardins, as velhas ruas, as Igrejas, o reboliço de uma cidade que dá sempre vontade de lá voltar. Mas tenho que arranjar alternativa, talvez um GPS, pois na saída de Coimbra rumo a novas paragens tive que voltar para trás pois o meu destino ficava em sentido contrário àquele que ia. Se não encontrasse um polícia de trânsito, que me indicou o caminho correcto, talvez fosse a caminho do Sameiro sem o querer.


 Marius foi visitar, a seguir, as Ruínas Romanas de Conímbriga. Essa visita está documentada no meu "Império Romano", Aqui

Fotos: Marius70

Vídeo: Autor desconhecido

4.1.09

Nazaré



 Uma das situações que irrita sobremaneira Marius70, é o facto dos sites das Câmaras Municipais não divulgarem as músicas do folclore das suas regiões. Com algumas excepções como o do Municipio da Póvoa de Varzim, terra onde nasci e isso é de louvar, é de bradar aos céus o facto de tanto o site do Munícipio de Peniche como o de Nazaré não terem músicas acopladas que são como referências para quem quer visitar esses locais e queira conhecer os seus trajes e o seu folclore. Procurei vezes sem fim o «Vira da Nazaré», uma música que conhecemos desde miúdos mas nada encontrei. Valeu-me o facto de ter um LP do Júlio Pereira, «Cavaquinho» e ter retirado dele a música que estão a ouvir «Não Vás ao Mar Tóino» que é da Nazaré também (na minha pesquisa encontrei esta mesma música como sendo da Beira-Baixa, não sabia que na Beira-Baixa também existia mar, estamos sempre a aprender). Se alguém dos Municípios lê estes meus artigos que não são mais que viagens minhas e ao mesmo tempo de divulgação das terras por onde Marius70 passa, faça o favor de colocar lá músicas do folclore e não só as fitas que o Presidente da Câmara corta. É que isto de beija-mão já lá vai. Divulguem o que de bom se faz para o bem da sua região mas também a sua raiz cultural das danças e cantares que atravessaram gerações. Isso sim é Portugal, o resto é cimento!

Julho 2008

  Mais uma vez Marius70 vai até Nazaré. Várias corridas já ali tinha feito. Ainda no ano anterior tinha ali estado a correr a sua meia-maratona. O mar estava bravio e a espuma desfazia à nossa passagem na Avenida a caminho da Meta. Mas desta vez o sol brilhava e as Marchas desfilavam na Avenida e faziam a sua exibição na Rua Mouzinho de Albuquerque junto aos estabelecimentos de Restauração.

  De perna grossa e bem feita, as nazarenas com os seus trajes garridos, com as mãos nas ancas davam um ar festivo e de folia a esta simpática vila cheia de veraneantes.


  Nazaré não existia no século XVIII, só o Sítio. No entanto o mar recuou abaixo da Pederneira e, os pescadores, aí se instalaram em terra firme. A partir da metade do século XIX das cabanas começou a nascer a povoação e hoje Nazaré com o seu mar pejado de toldos de lona recebe milhares de forasteiros que vão desfrutar do seu mar azul e lindo que se pode ver, na sua plenitude, no Sítio.


  Como tem sido regular, o Hotel escolhido foi o Hotel da Nazaré. Mas como venho a confirmar por todos os Hotéis ou Residenciais onde marius70 pernoita têm um contra, não têm estores e, como é bom de ver, ainda a manhã começa e já a claridade se infiltra dentro do quarto. Para quem desfruta dos locais até bem tarde feita noite não é muito agradável acordar de manhã cedo. Mas é um mal geral de Norte a Sul do País.

  Enquanto se toma o pequeno almoço, no terraço, o nosso olhar estende-se pelo casario, o elevador que nos leva até ao Sítio e o mar que nos envolve.


Sítio

  Do Sítio se conta a bela lenda que D. Fuas Roupinho indo em perseguição de um veado, este se lançou do penhasco e se não fosse a aparição de Nossa Senhora da Nazaré que fez estancar o cavalo mesmo à beira do precipício de tal forma que ficou gravado na rocha a ferradura, teria D. Fuas feito companhia ao veado que, segundo a lenda era o demónio com cornos e tudo, cá embaixo! Em sua memória foi erguida a “Ermida da Memória”, diga-se em abono da verdade muito degradada e com muito cheirinho a fénico. As casas de banho são um bocadinho mais abaixo!

  Tendo Marius70 ido uma vez ao Sítio com o seu irmão mais velho, depois de mais uma meia-maratona, este fez a nazarena contar as sete saias o que ela fez com gosto.

Sete saias trazes
Ao cair da anca
E a blusa branca
Que te está mesmo a matar

Agora os rapazes
Só pedem que caias
Para contarem as saias
Quando tu estás a bailar


Bem atiradiços estes rapazes!!!

 O Sítio da Nazaré é um largo enorme com um belo coreto e terminando com numa varanda junto ao mar (estava proibido o acesso devido a possível derrocada). Pode-se ver a Igreja consagrada a Nossa Senhora da Nazaré e várias residências com bonitas sacadas em ferro fundido e azulejaria de interesse.



 Com locais para venda de artesanato e as nazarenas nos seus carros castiços com venda de tremoços, pevides e outros afins (as gaivotas estavam sempre a tentar “roubar” algum destes produtos, para desespero das nazarenas) ir à Nazaré, com uma gastronomia apetecível, é sempre para Marius70 e para milhares de turistas uma visita agradável.

 De fazer também, um passeio pedreste até ao velho forte, no fim do promontório, e à vizinha Pedra do Guilhim.

 Coloca esta vila no teu roteiro anual, vale a pena!


Fotos e video: Marius70
Fonte consultada: «À Descoberta de Portugal» - Selecções Readers Digest