Marius volta a esporear o cavalo, a seu lado, o cachorro encontrado abandonado num caminho deste Portugal. São as suas únicas companhias. Vai continuar sozinho pois mais uma mão deixou de acenar, mão que vinha acenando há muitas caminhadas deixou-se ficar. A única coisa que faz bem ao ego de marius é saber que aqui e ali, outras mãos não deixarão de contribuir para que a caminhada seja mais leve mas, se assim não acontecer, não haverá desânimos, a jornada sendo longa chegará ao fim junto à velha mulemba que me espera do outro lado do Atlântico, hei-de lá chegar. É a vida.
Se Coimbra tem a cabra
Bragança tem a cabrita
E em começando as aulas
Se a mãe berra… a filha grita.
Estou em Bragança. Encravada nas montanhas do Nordeste Transmontano, Bragança nasceu nos confins do tempo. A cidade antiga ficaria, no local onde hoje está a Sé. Era uma povoação neolítica e serviu de base a uma cidade romana. Com as invasões bárbaras e lutas cristãs-islamitas desapareceu. Foi reconstruída por Fernão Mendes, cunhado do nosso primeiro rei. Em 1187 recebe o foral de D. Sancho I pela sua importância militar pois situava-se na linha fronteiriça com a Galiza. D. Afonso V eleva-a à condição de cidade em 1466.
A cidade veio a conhecer um relativo desenvolvimento com os Judeus que nela encontraram acolhimento e «asilo quase seguro». A inquisição foi muito activa em Bragança, ao todo 734 vítimas. Os teares fecharam e a região passou por um período de decadência.
Nos séculos XV e XIX tornou-se importante centro da cultura do sirgo e da indústria de seda e à qualidade do produto dizia-se: "A doçura das carícias femininas compara-se ao toque dos veludos de Bragança".
São uns exagerados, nada se compara à carícia feminina, é única.
Um monumento capta a atenção de marius, a Domus Municipalis, edifício único da arquitectura civil românica medieval da Península Ibérica e que se pensa ter sido edificada como casa de água, fazendo a cachorraria interior e exterior converter para a cisterna e sua nascente as águas fluviais. Mais tarde serviu para lugar de reunião dos «homens bons» do concelho.
Um pelourinho ergue-se sobre uma curiosa base, a «porca da vila». Marius sempre ouviu falar na porca da vida mas nunca da porca da vila. É ir a Bragança e tirar isto a limpo.
O castelo de Bragança é um dos mais bem conservados do país. As portas e a ponte levadiça já não fazem parte do actual castelo mas, nas suas ameias, os defensores davam as boas-vindas, àqueles que lá iam com bélicas intenções, com grandes caldeirões de líquidos ferventes, ora toma que é para aprenderem que, com o bragançanos, só lá vão quem convidados são. Hoje dessas ameias pode-se desfrutar uma admirável paisagem do melhor miradouro da cidade.
No lado setentrional encontra-se a Torre da Princesa. Segundo a lenda, uma bela princesa, apaixonada por jovem guerreiro e recusando os pretendentes fidalgos que lhe oferecia seu tio, persistiu esperar pelo noivo, que partido para as lides da guerra, já muito tardava. O tio, servindo-se de um estratagema tentou provar que o noivo já tinha partido deste mundo e, assim, entrou no quarto da princesa altas horas da noite, fingindo-se fantasma, para a aconselhar a escolher marido. Certo que embora fosse de noite outra porta do quarto se abriu e um raio de sol o iluminou, vendo-se assim descoberta a sua traição. Certo é, que esta lenda, deu origem aos nomes da Porta do Sol e da Porta da Traição. E o que sucedeu à nossa Princesa? Reza as crónicas que um dia o jovem guerreiro, numa noite de tempestade, a raptou, fornecendo-lhe uma espécie de guarda-chuva com o qual ela se lhe lançou nos braços.
Mary Poppins deve ter tirado daqui a ideia de voar com o guarda-chuva aberto.
A românica Igreja de Santa Maria, a Igreja de S. Vicente com um painel de azulejos alusivo à proclamação, em 1808, do general Sepúlveda contra a ocupação napoleónica e, segundo a tradição, foi aqui que se realizou o casamento de D. Pedro e D. Inês de Castro, a Igreja de S. Bento, padroeiro da cidade, com uma pintura no tecto atribuída ao pintor religioso Bustamante, fazem de Bragança um ponto obrigatório de visita nas deambulações de marius pelo nordeste transmontano….
… E, à lareira, nas noites frias de Inverno, com as castanhas assadas, vamos jogar à arrebiana. Mão fechada cheia de bilhós, bem repimpada no escano:
- Arrebiana, sobressaltada!
- Sobre quantos?
- Sobre cinco!
Mão aberta e não existindo cinco mas dois – teremos que pagar três.
… Vamos nós a isso?... Sobre quantos?...
Se Coimbra tem a cabra
Bragança tem a cabrita
E em começando as aulas
Se a mãe berra… a filha grita.
Estou em Bragança. Encravada nas montanhas do Nordeste Transmontano, Bragança nasceu nos confins do tempo. A cidade antiga ficaria, no local onde hoje está a Sé. Era uma povoação neolítica e serviu de base a uma cidade romana. Com as invasões bárbaras e lutas cristãs-islamitas desapareceu. Foi reconstruída por Fernão Mendes, cunhado do nosso primeiro rei. Em 1187 recebe o foral de D. Sancho I pela sua importância militar pois situava-se na linha fronteiriça com a Galiza. D. Afonso V eleva-a à condição de cidade em 1466.
A cidade veio a conhecer um relativo desenvolvimento com os Judeus que nela encontraram acolhimento e «asilo quase seguro». A inquisição foi muito activa em Bragança, ao todo 734 vítimas. Os teares fecharam e a região passou por um período de decadência.
Nos séculos XV e XIX tornou-se importante centro da cultura do sirgo e da indústria de seda e à qualidade do produto dizia-se: "A doçura das carícias femininas compara-se ao toque dos veludos de Bragança".
São uns exagerados, nada se compara à carícia feminina, é única.
Um monumento capta a atenção de marius, a Domus Municipalis, edifício único da arquitectura civil românica medieval da Península Ibérica e que se pensa ter sido edificada como casa de água, fazendo a cachorraria interior e exterior converter para a cisterna e sua nascente as águas fluviais. Mais tarde serviu para lugar de reunião dos «homens bons» do concelho.
Um pelourinho ergue-se sobre uma curiosa base, a «porca da vila». Marius sempre ouviu falar na porca da vida mas nunca da porca da vila. É ir a Bragança e tirar isto a limpo.
O castelo de Bragança é um dos mais bem conservados do país. As portas e a ponte levadiça já não fazem parte do actual castelo mas, nas suas ameias, os defensores davam as boas-vindas, àqueles que lá iam com bélicas intenções, com grandes caldeirões de líquidos ferventes, ora toma que é para aprenderem que, com o bragançanos, só lá vão quem convidados são. Hoje dessas ameias pode-se desfrutar uma admirável paisagem do melhor miradouro da cidade.
No lado setentrional encontra-se a Torre da Princesa. Segundo a lenda, uma bela princesa, apaixonada por jovem guerreiro e recusando os pretendentes fidalgos que lhe oferecia seu tio, persistiu esperar pelo noivo, que partido para as lides da guerra, já muito tardava. O tio, servindo-se de um estratagema tentou provar que o noivo já tinha partido deste mundo e, assim, entrou no quarto da princesa altas horas da noite, fingindo-se fantasma, para a aconselhar a escolher marido. Certo que embora fosse de noite outra porta do quarto se abriu e um raio de sol o iluminou, vendo-se assim descoberta a sua traição. Certo é, que esta lenda, deu origem aos nomes da Porta do Sol e da Porta da Traição. E o que sucedeu à nossa Princesa? Reza as crónicas que um dia o jovem guerreiro, numa noite de tempestade, a raptou, fornecendo-lhe uma espécie de guarda-chuva com o qual ela se lhe lançou nos braços.
Mary Poppins deve ter tirado daqui a ideia de voar com o guarda-chuva aberto.
A românica Igreja de Santa Maria, a Igreja de S. Vicente com um painel de azulejos alusivo à proclamação, em 1808, do general Sepúlveda contra a ocupação napoleónica e, segundo a tradição, foi aqui que se realizou o casamento de D. Pedro e D. Inês de Castro, a Igreja de S. Bento, padroeiro da cidade, com uma pintura no tecto atribuída ao pintor religioso Bustamante, fazem de Bragança um ponto obrigatório de visita nas deambulações de marius pelo nordeste transmontano….
… E, à lareira, nas noites frias de Inverno, com as castanhas assadas, vamos jogar à arrebiana. Mão fechada cheia de bilhós, bem repimpada no escano:
- Arrebiana, sobressaltada!
- Sobre quantos?
- Sobre cinco!
Mão aberta e não existindo cinco mas dois – teremos que pagar três.
… Vamos nós a isso?... Sobre quantos?...